COVID-19 e a Diabetes: recomendações da American Diabetes Association

O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos da América refere que a COVID-19 é um problema grave de saúde pública. Os idosos e as pessoas portadoras de doenças crónicas, como a diabetes, têm mais riscos para complicações graves. Em sintonia com o CDC, a American Diabetes Association (ADA) emitiu recomendações que neste artigo se adaptam à realidade portuguesa:
O que uma pessoa portadora de diabetes deve saber:
– a pessoa com diabetes tem a mesma possibilidade de apanhar o vírus que a população em geral, mas o risco de complicações graves se ficar infetado pode ser maior. No entanto, se a diabetes estiver bem controlada, esse risco é o mesmo da população geral. Se a pessoa com diabetes não controlar bem a sua doença, a glicose no sangue pode sofrer variações flutuantes, o que poderá aumentar o risco de complicações relacionadas com a diabetes. Por exemplo, se tiver problemas cardiovasculares associados com a diabetes, a probabilidade de adoecer por Covid-19 pode aumentar, tal como outras infeções. A capacidade de luta do corpo contra a infeção está diminuída. As infeções víricas podem aumentar as situações de inflamação.
Quando uma pessoa diabética adoece por motivos de infeção por vírus, pode ter maior risco para cetoacidose diabética (aumento da glicose no sangue e corpos cetónicos positivos), sobretudo se tem diabetes tipo 1. A septicemia (infeção do sangue) e o choque séptico são complicações muito graves e que podem acontecer em pessoas infetadas com Covid-19.
Que medidas de prevenção deve adotar?
A Covid-19 é uma infeção muito grave para toda a gente, incluindo as pessoas com diabetes. A prevenção da Covid-19 deve ser ainda mais rigorosamente cumprida.
As precauções de segurança são as mesmas que são recomendadas para a gripe – lavar as mãos frequentemente, tossir ou espirrar para um lenço de papel (que deve ser deitado ao lixo) ou para a prega do cotovelo, para não atingir ninguém.
O CDC só recomenda o uso da máscara para quem estiver infetado, tal como a Direção Geral de Saúde em Portugal. No entanto, esta opinião não é unânime.
As pessoas que convivem com uma pessoa com diabetes devem ter uma conduta adequada para com uma pessoa de elevado risco. Os diabéticos devem adotar todas as medidas que põe em prática quando está doente.
Os riscos são iguais para as pessoas com diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2?
Não se conhecem razões que diferenciem os riscos para estes dois tipos de diabetes. O mais importante é a idade, as complicações já existentes e a forma como tem sido feita a gestão da diabetes. Se a pessoa diabética tiver outros problemas de saúde (como por exemplo, problemas cardiovasculares ou renais) e for infetada com o novo coronavírus, poderá ter uma evolução mais grave do que outra pessoa não diabética.
Como diminuir a possibilidade de contágio por Covid-19 em casa?
As pessoas saudáveis da família que vivem com a pessoa com diabetes devem comportar-se como se fossem um risco para essa pessoa, adotando atitudes simples, mas eficazes. Além das recomendações gerais de lavar as mãos com sabão de forma correta, este gesto deve ainda ser realizado antes de comer e antes de cuidar da pessoa com diabetes.
Deve ser criado um espaço protegido para a pessoa mais vulnerável. Todos os utensílios e superfícies devem ser limpos e desinfetados com álcool. Só um membro da família deve ser o cuidador da pessoa com diabetes. Os cuidados devem ser ainda mais rigorosos se a pessoa tem mais doenças ou tem mais do que 65 anos.
O que deve uma pessoa com diabetes ter sempre à mão?
Em primeiro lugar, reúna e mantenha em local de fácil acesso a seguinte informação:
– os números de telefone dos seus médicos assistentes e/ou do respetivo Centro de Saúde e ainda da Linha Saúde 24 (808 242424);
– a lista dos medicamentos que toma e doses.
E não se esqueça de:
– trazer sempre açúcar consigo (ou gel ou comprimidos de glicose) para usar em caso de baixas de glicose no sangue;
– ter Glucagon e tiras teste em casa, para verificar se tem corpos cetónicos no sangue ou na urina;
– manter uma reserva dos medicamentos que toma, bem como de álcool ou desinfetante e de sabão;
– cumprir todas as regras da Direção Geral da Saúde recomendadas e difundidas nos meios de comunicação oficiais.
Fonte: Este artigo resulta de uma tradução de ADA Statement on COVID-19, de Sívio E. Inzucchi MD, adaptada à realidade portuguesa.
Proteja-se a si e aos outros. Fique em casa.